A leishmaniose visceral é uma zoonose grave causada por um protozoário (Leishmania infantum chagasi) que acomete pessoas e algumas espécies de mamíferos domésticos e silvestres. Pessoas imunossuprimidas, crianças e idosos são mais suscetíveis à essa doença, que, quando não tratada, pode levar à morte.
Transmissão
A leishmaniose visceral é transmitida a animais e seres humanos pela picada de insetos vetores conhecidos como mosquito palha, de cor amarelada ou cor de palha, pequenos e mais ativos ao amanhecer, ao final da tarde e à noite. Os vetores geralmente são encontrados em locais sombreados, úmidos e ricos em matéria orgânica.
A transmissão da doença ocorre quando a fêmea do mosquito se alimenta de sangue de um cão infectado, em seu tubo digestivo o parasita se multiplica e se torna infectante. Ela, então, vai inocular essas formas infectantes de leishmania em outro animal, quando for novamente se alimentar.
Os animais infectados podem ser fonte de infecção para outros animais e para as pessoas também. Os casos caninos geralmente precedem os casos humanos.
Sinais e Sintomas
A leishmaniose visceral é uma doença crônica, caracterizada no homem por:
– Febre de longa duração
– Perda de apetite
– Emagrecimento
– Fraqueza
– Barriga inchada (pelo aumento do baço e do fígado)
– Anemia, dentre outras manifestações clínicas
Nos cães, o parasito se dissemina, provoca a doença e sintomas como:
– Perda de apetite
– Emagrecimento progressivo
– Feridas na pele (que demoram a cicatrizar), principalmente no focinho, orelhas, articulações e cauda
– Pelos opacos, descamação e perda de pelos
– Crescimento anormal das unhas
– Diarreia, vômito e sangramento intestinal
Prevenção e Controle
A única forma de detectar a infecção nos cães, para identificação e confirmação, é por meio de exames laboratoriais específicos.
É importante evitar a criação e proliferação do inseto vetor da doença, que se reproduz no meio de matéria orgânica e em criadouros de animais. Para isso deve-se:
– Evitar a criação de porcos e galinhas em área urbana
– Manter a casa e o quintal livres de matéria orgânica, recolhendo folhas e galhos de árvores, fezes de animais, restos de madeira e frutas
– Todo o lixo deve ser embalado e fechado em sacos plásticos
– Os proprietários de terrenos desocupados devem adotar as mesmas medidas descritas acima.
Como medidas de proteção individual são recomendadas o uso de mosquiteiros e telas de portas e janelas com malha fina, uso de repelentes e a não exposição nos horários de atividade do vetor (entre o pôr do sol e o amanhecer).
Os cães também necessitam de proteção contra a picada do mosquito palha infectado. Para isso, recomenda-se:
– O uso de coleiras repelentes de insetos (impregnadas com deltametrina a 4%), que devem ser trocadas a cada seis meses
– Manter o animal em ambientes telados com malha fina durante o período de maior atividade do inseto transmissor
– Manter o abrigo dos animais sempre limpo, sem fezes ou restos de alimento
– Adotar a posse responsável de cães e gatos, não permitindo que os mesmos fiquem soltos nas ruas
Não é permitido o tratamento da leishmaniose visceral canina com medicamentos de uso humano (Portaria Interministerial Nº1.426, de 11 de julho de 2008).
Entretanto, o tratamento com medicamentos de uso exclusivo em cães foi autorizado, associado sempre ao uso contínuo de coleiras repelentes, segundo a Nota Técnica Conjunta n° 001/2016 MAPA/MS, assinada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e pelo Ministério da Saúde.
É importante salientar que os cães tratados não são curados parasitologicamente, permanecendo como reservatórios do parasito, apesar da melhora clínica.
Nota Técnica
Nota Técnica S/SUBVISA Nº01/2019
1º Boletim Epidemiológico IVISA-Rio
2º Boletim Epidemiológico IVISA-Rio
3º Boletim Epidemiológico IVISA-Rio